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Como surge o botulismo no rebanho? | Incomave
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Autor: Joice Maliuk
Biomédica e Mestre em Microbiologia Agrícola e Ambiental

Considerada uma doença incomum, o botulismo é uma intoxicação alimentar, ou envenenamento, causado pelo consumo de uma toxina muito potente – a toxina botulínica – que é produzida por uma bactéria – o Clostridium botulinum – que se desenvolve em qualquer tipo de matéria orgânica em decomposição.

Clostridium botulinum é um microrganismo encontrado frequentemente no solo, em legumes, verduras, frutas, sedimentos aquáticos e fezes humanas. O agente aparece também como habitante normal do trato intestinal de eqüinos, bovinos e aves, onde se multiplica e é excretado em grandes quantidades nas fezes.  Se for ingerido com os alimentos e a água, os esporos passam pelo tubo intestinal dos animais sem causar danos, e são expelidos nas fezes. No entanto, se o animal morrer por qualquer causa, os esporos ainda contidos no seu trato intestinal, poderão passar a forma vegetativa e se multiplicar, invadindo os tecidos em decomposição e produzindo a toxina botulínica. O cadáver em decomposição torna-se um foco potencial de contaminação do rebanho.

O material em decomposição contaminado com a toxina botulínica não representa necessariamente risco para os animais, a menos que estes o consumam. Bovinos em adequado estado de nutrição, normalmente não ingerem tal tipo de resíduo. Entretanto, certas deficiências alimentares, principalmente as de proteína e fósforo, podem produzir nos animais um apetite anormal, que os leva a comer, roer, lamber ou chupar toda a sorte de materiais estranhos à sua dieta normal, tais como carne e ossos de cadáveres em putrefação. Ingerindo restos de cadáveres em decomposição, se estes estiverem contaminados com a toxina botulínica, a doença e morte dos animais é quase certa.

Além da ingestão de carcaças em decomposição, os surtos de botulismo também estão associados a armazenagem indevida de alimentos (milho, silagem, feno) e veiculação hídrica. A existência de cacimbas ou valas de captação, construídas com a finalidade de prover água aos animais, em épocas de estiagem, propiciam condições ideais para surtos de botulismo.

No início do mês de agosto 2017, 1.1 mil cabeças de gado morreram com suspeita de botulismo, no município de Ribas de Rio Pardo, acerca de 40 quilômetros de Campo grande, MS. De acordo com o proprietário, a morte dos animais gerou prejuízo de aproximadamente R$ 2 milhões. Se for confirmado de que o botulismo tenha causado a morte dos animais, algumas medidas sanitárias devem ser tomadas para que haja risco a população. A grande suspeita dos órgãos de vigilância, é que a contaminação do rebanho pela toxina botulínica tenha ocorrido pela ingestão de silagem de milho úmida, que estava embolorada (Fonte: GloboRural, agosto,2017).

 Sinais Clínicos da Doença

Os sinais clínicos da intoxicação pela toxina botulínica incluem inicialmente a dificuldade de locomoção, andar cambaleante, paralisia parcial ou completa da musculatura dos membros, primeiramente dos posteriores e depois dos inferiores. A paralisia muscular afeta a mastigação e a deglutição, levando ao acúmulo de alimentos na boca, além de exteriorização espontânea da língua (protrusão). O animal apresenta diminuição dos movimentos ruminais.

Na fase final o quadro de prostração se acentua, fazendo com que o animal tenha dificuldade para se manter em decúbito esternal, tombando para os lados (em decúbito lateral). A consciência é mantida até o final do quadro, quando o animal entra em coma e morre.

Nos quadros mais agudos, a morte ocorre em um ou dois dias, após o início dos sintomas, geralmente por parada respiratória em função da paralisia dos músculos responsáveis pelos movimentos respiratórios.

Referências

CERESER, N. D.; et al. Botulismo de origem alimentar. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.1, p.280-287, jan-fev, 2008.

DÖBEREINER, J.; DUTRA, E. O botulismo dos bovinos e o seu controle. Embrapa: comunicado técnico, Seropédica, v.72, dezembro, 2004.

EMBRAPA. Botulismo ao Alcance de Todos, Campo Grande, MS: 1995.